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Casamento Gay e Adopção

13 Mai 2010

Eu sempre fui completamente indiferente às polémicas dos casamentos gay. Não me interessa minimamente o que as pessoas fazem, desde que isso não interfira com a minha vida. Sou sincero quando digo que me faz impressão ver gays na rua, especialmente aos beijos. Sou sincero quando digo que não ia querer um gay no mesmo balneário que eu. E sou sincero quando digo que não gosto de tipos com jeitos abixanados. Não gosto destas coisas, tal como não gosto de tantas outras. Tal como em tudo, quando não gosto ponho à beira do prato. Mas a minha opinião é: se duas pessoas do mesmo sexo se querem casar, que sejam felizes.

A adopção mexe comigo de uma forma diferente. Eu sempre fui contra a adopção por parte de casais gays. Não é por preconceitos nem nada do género, é mesmo pelas crianças. Nós vivemos numa sociedade em que as diferenças dão em discussões. As crianças têm de ser protegidas por nós e não vivemos numa sociedade que aceite bem a diferença. As crianças já têm tantos problemas pela vida fora, com bullying e tantas outras coisas, que ter pais gays ia dificultar ainda mais as coisas. Logo desde miúdos. Logo no infantário ia chegar o dia da mãe (ou do pai) e toda a turma vai fazer uma prenda. Mas esta criança não tem mãe, mas sim dois pais. Quando chega à primária tem de preencher os fomulários com o nome completo da mãe e do pai. Mas tem dois pais. Mais tarde ou mais cedo as outras crianças vão-se aperceber da diferença e vão usar essa diferença como motivo de chacota. A nossa sociedade não está preparada para casais gays e as crianças é que sofrem. Certinho, direitinho!

Um dia destes tive a falar sobre isto com a minha mana, que é educadora de infância num sitio com crianças de familias mais carentes. É normal ela ver crianças vítimas de maus tratos ou com pais que não gostam delas. O que ela me disse faz todo sentido: se há pais que não merecem e têm uma ou mais crianças, porque é que esse direito há-de se vedado a casais gay que podem formar uma familia ideal para a criança?

Sinceramente não consigo responder a esta pergunta. Este assunto é demasiaco complexo para haver consenso e dificilmente as várias partes irão chegar a acordo.

 

Opinião

 

Comentários

  • Tiago Sousa
    Também não concordo em nada com a adopção pelas razões que deste e mais algumas, quanto ao casamento também tal como tu sou totalmente indiferente, cada um sabe da sua vida. Quanto a famílias terem crianças que mal tratam aqui é que está o problema, se não merecem ter os filhos que lhes sejam retirados e dados a famílias que mereçam cuidar destas crianças.
  • Sabrina
    Uiiii, isso era uma discussão que dava pano para muitas mangas... e como também aceito as diferentes opiniões e este é um assunto muito polémico que poderia criar discussões mais calorosas, vou-te só deixar um pensamento. Independentemente dos problemas que uma família gay pode dar a uma criança, que do meu ponto de vista nenhuma família é perfeita... pensa assim, as crianças já são órfãs e mais de 80% delas vivem em instituições até perfazerem os 18 anos, sem nunca serem adoptadas. Vivem muitas vezes sem conhecer o amor e carinho de pais. Achas mesmo que elas estão melhor assim do que numa casa quentinha, onde lhes dão a melhor educação possível, carinho, amor e afecto? E já agora, proibirias tb a adopção por parte de anões? Pois tb são diferentes e muito provavelmente as crianças vão ser implicadas e gozadas nas escolas??? Isso sinceramente, a mim, parece-me da época do racismo em que não permitiam um casal de cor adoptar uma criança branca! Mas pronto, todos temos direito a nossa opinião certo? ;)
  • JC
    A questão da tua mana é simples de responder. Nós somos moldados pelos nossos pais e pela nossa sociedade e eu penso que, mesmo apesar de muitos gays o serem desde que nasceram, outros são por opção e viver num ambiente gay poderá fazer com que as crianças tendam a ter esse comportamento e sigam esse caminho. um bom exemplo é pensares nas crianças que nascem em sociedades onde existe fanatismo religioso e desde pequenos são orientados para aquilo.. Basicamente a sociedade e o meio onde estão inseridas pesa muito no que se vão tornar. fora isto e divagando um pouco.. digam o que disserem, a homossexualidade é contra-natura e muitos gays não ajudam a que os respeitemos. penso que já falámos sobre isto pessoalmente, mas um dia tive um excelente debate com uns gays num fórum. Basicamente havia umas bixonas (chamo bixonas porque há uma diferença e já explico abaixo) que diziam que eles eram normais.. bla bla bla.. ao que eu respondi, “então se vocês são normais, nós somos anormais; porque iguais não somos..” até que houve um homossexual (este já não era bixona) que me respondeu de uma forma tão correcta que simplesmente tive que o respeitar. Ele respondeu-me que não se considerava normal, porém foi uma coisa com que nasceu e é algo que não consegue contrariar, da mesma forma que nós não conseguimos contrariar a nossa heterossexualidade e que o grande problema dos homossexuais prende-se com as "bixonas". Como ele disse, "na rua passo completamente despercebido, porém em casa ninguém tem nada a ver com a minha vida." e "há uma diferença entre homossexuais e bixonas. as bixonas são aquelas "doidas" que fazem manifestações gays e exibições na rua e que só dão mau nome e nos prejudicam". Portanto. Há realmente gays que até podem ser bons pais, porém para uma criança, não é natural e certamente não será benéfico, independentemente de também haver casais hetero que não tratam os filhos como deviam. Depois passarão é a haver também casais gays que também não tratam os filhos como deviam.. e além disso ainda os mantém num ambiente menos bom.. De qualquer forma, independentemente dessa lei ir para a frente ou não, com a lei do casamento (e mesmo sem ela) apesar de ser difícil em PT, uma pessoa pode adoptar uma criança. Se casar com outra pessoa do mesmo sexo, como é? Além disso os casais homossexuais femininos terão sempre uma vantagem.. pois podem ter um filho… nada que um “sacrifício” não resolva!
  • Micael Sousa
    Aqui uma lacuna na lei que penso que explica em parte as questões aqui levantadas. Supostamente um casal gay não pode adoptar. Mas se for um individuo a adoptar uma criança, apesar de difícil é possível, ninguém lhe perguntará qual a sua orientação ou opção sexual, pois seria considerado descriminação e uma violação das liberdades adquiridas e definidas até pela constituição. Assim, alguém solteiro que seja efectivamente homossexual pode adoptar. Mas se for casado, ou seja, tenha mais estabilidade relacional e familiar, já não pode? No mínimo estranho. Meninos descriminados por terem pais homossexuais é uma falsa questão, algo que só acontece nas mentes preconceitos dos Portugueses. A manter esta menina de pensar é que nunca será possível mudar o estado de coisas. Gostava de fazer aqui uma referência ao grande humorista e pensador Ricardo Araújo Pereira. "A adopção de crianças por casais gays é um acto de cescriminação. Coitados dos outros miúdos, porque os mais bem vestidos e cultos serão sempre os filhos dos casais gays". Não eram bem estas as palavras mas a ideia não fugia muito disto. Bons e maus pais há em todos os lados, independentemente das opções sexuais. E obviamente que casais gays com filhos não tornaria essas crianças gays, mas sim livres e com opção de escolha sem preconceito. Se assim não fosse os casais heterosexuais nunca teriam filhos homossexuais. Parabéns pelos temas sempre interessantes e pertinentes do blogue. P.S. ( Ah, até me esqueci de referir que não sou gay, mas assumo-me como defensor das liberdade individuais e da igualdade de oportunidades)