RSS
 

Medidas do Governo Contra a Crise

13 Mai 2010

Parece que o governo Português acordou para a vida e agora lembram-se que estamos em crise e que é preciso contenção. Vai daí e, tal como o governo Espanhol, lançam um conjunto de medidas de austeridade para controlar as nossas finanças. Em suma:

  • Quem recebe menos de 2375€ passa a pagar mais 1% de IRS, quem ganha mais paga mais 1,5% de IRS
  • É aumentado o IVA em 1% em todos os escalões
  • As empresas pagam mais IRC
  • Os titulares de cargos públicos vão ter um corte de ordenado de 5%
  • Vai haver cortes de outras despesas

Estas medidas vão ser extremamente impopulares, mas infelizmente têm de ser levadas para a frente. O que eu acho estranho é que a crise não surgiu ontem, já vem de vários anos atrás. E só agora é que se lembram disto.

Houve uma altura em que o governo baixou o IVA para 20%. Estavamos em prosperidade na altura? Há um ano atrás? O que mudou? Eu não quero pensar que o governo baixou o IVA só por causa das eleições, mas é a única justificação. Ainda por cima o IVA... eu sempre fui contra baixar o IVA por várias razões:

  • Em primeiro lugar, ainda que talvez discreto, há o facto de todos os turistas que vêm a Portugal pagarem IVA, logo é uma forma de sacar mais um pouco ao estranjeiro
  • Em segundo lugar, ninguém baixou o IVA (tirando talvez as grandes superfícies que o descontavam na factura). Imaginem um restaurante com um prato de 20€, com menos 1% de IVA iria ficar a :18.8€. Mas ninguém se vai dar ao trabalho de alterar preços e tal por causa de 1%, ou seja esta medida o que fez foi com que a maior parte das empresas tenham tido mais 1% de lucro

Agora o IVA subiu, e a mesma refeição ficaria em 20.2€. Aqui o que vai acontecer é que todas as empresas vão alterar os seus preçarios e aumentar logo 0.5€ ou até mesmo 1€. É assim que as coisas funcionam.

 

Finanças

 
Etiqueta(s):irsivaimpostoscrise

Comentários

  • PAC
    Não tenho os mesmo valores para as contas do exemplo: O prato de 20€ a 21% de IVA passa a 19,83€ a 20% IVA. Isto porque o valor do prato sem IVA é 16,53€. E se 20€ for ao IVA actual (20%) então o preço a (21%) passa para 20,17€. (...há aqui vintes a mais :S ...) Já agora nunca tinha pensado no facto do aumento do IVA aumentar o guito vindo de fora. É interessante. No entanto o problema do IVA é que é igual para todos. Até os desempregados o tem de pagar. E os desempregados gastam mais dinheiro em portugal que os turistas vindos de fora... E mais, os grandes gestores deste pais têm ajudas de custo, o que faz com que consigam abater grande parte do IVA que lhes cobram enquanto consumidores finais (repara como os patrões nunca se esquecem de pedir a factura nos almoços). Logo, quem paga o aumento do IVA são os desempregados e os trabalhadores dependentes. Os turistas dão uma ajuda.
  • Arzebiuzado
    Tens razão PAC, fiz as contas à merceeiro mas estão erradas. Ainda assim é relativamente a mesma escala por isso não vou alterar, fica aqui a tua correcção. Devido às tuas razões é que acho que não se deve mexer no IVA. Mal por mal, deixa-se estar como está, se é para fazer ajustes é mais justo fazer no IRS que já contempla ordenados, despesas, etc. Não é o ideal, mas julgo ser melhor.
  • Vlad
    Subir o IVA de 20% para 21% corresponde (nesse escalão) a uma subida efectiva da receita de 5%. E será que os "gestores e patrões" (adoro a generalização, dá-me vontade de cortar os pulsos com uma colher da sopa) só pedem factura por causa das ajudas de custo? Já agora, que se aumenta a receita, pergunto-me é onde é que se vai reduzir a despesa. Essa sim é a grande questão, porque a receita não vai aumentar proporcionalmente simplesmente porque o consumo vai descer com estas medidas.
  • Arzebiuzado
    Vão reduzir a despesa, cortando nos ordenados dos funcionários públicos. :) Quanto às facturas, do que conheço do meu universo particular, a maior parte das facturas vão todas para as tais ajudas de custo. Mas também há ouvi dizer que o governo ia começar a taxar todas essas coisinhas. Inclusivé o sub de almoço.
  • PAC
    Substituo "gestores e patrões" por "intermediários de IVA", sendo que os gestores são indirectos (passando a factura para a empresa) e os patrões (ou empresários) são directos porque descontam o IVA pago do IVA recebido a entregar ao estado. Faço a distinção destes do resto da sociedade, porque o papel do resto da sociedade no IVA é apenas o de pagante. Guarde lá a colher, sff :)
  • Skub
    As medidas do governo para a redução do defice são uma treta. Porque razão o governo em vez de aumentar Impostos, não corta com a despesa interna, começassem a curtar nas frotas de luxo, nas ajudas de custos, nos contratos de out´sourcing, nas rececpções de cattering pagas a preços izurbitantes a entidades estrangeiras e mesmo nacionais.... Podia ficar aqui o dia todo a dizer o dia todo tipo de despesa que se podia curta. Falo com experiencia pois trabalho no sector publico e na area da despesa. Mas para o Governo é facil aumentar os impostos, visto que o impacto de aumentar é menor que diminuir as regalias dos "governantes". Já agora o IVA ser baixo ou não não tem muito impacto no turismo, visto que existe as taxe free que funciona como reembolso ao turista do IVA despendido. p.s: o facto de me curtar 5% no ordenado não me chateava se eu começa-se a ver as despesas que enumerai a serem reduzidas tb a 5%, porque o mais certo é essas despesas aumentarem....
  • JC
    deixa-me corrigir-te. não é dos funcionários públicos (em geral). é dos: "Gestores públicos, autarcas, deputados, reguladores de mercados e responsáveis pelas empresas municipais terão todos o salário reduzido em 5%."
  • Arzebiuzado
    Sim, tens razão. Obrigado pela correcção.
  • JC
    Concordo com a redução das frotas de carros e motoristas e gastos supérfulos como troca de mobiliário sempre que se troca de ministro e secretários gerais.. etc.. Relativamente às ajudas de custos e essas coisas, se o código contributivo entrar em vigor, começa tudo a ser taxado. Relativamente ao outsourcing, normalmente trás mais vantagens que desvantagens. repara: só pagam 12 meses de facturação não têm custos como entidade patronal ainda descontam o IVA dessa prestação de serviços de qualquer forma acho engraçado quando oiço as pessoas dizerem que os deputados é que deviam cortar nos ordenados deles. é um facto, mas seria uma coisa simbólica. 1º - um deputado em PT ganha mal. doa a quem doer. um bom deputado numa privada ganha mais num mês do que num ano na Função Pública. 2º - se fizerem contas dos deputados que há (não faço ideia quantos são, mas imaginem que são 1000.. e já acho que estou a fazer por cima) e reduzirem 10% dos ordenados de 4000€ brutos +-... acham que é suficiente para sairmos desta crise?? eu também não gosto de tar a ser entalado.. mas quando não há nada a fazer vamos estar a inventar manifestações e andarmos a prejudicar ainda mais para quê? para perdermos tempo e pagarmos na mesma? a única coisa que me irrita é que o estado devia começar a preocupar-se em obter receitas por via de exportações e investimentos em coisas úteis. não é em TGVs para o Poceirão... vá-se lá perceber a teimosia do Trócaste... ou mais Auto-estradas LX - Porto... e além dos 1000000000000 estudos que se fazem antes das obras e que custam prái 10% da obra, deviam-se fazer também estudos de ROI das mesmas obras.. para ver se realmente aquilo é rentável e se valeu a pena!
  • Sérgio Saraiva
    Hum... Vejamos: o problema que temos hoje em dia é o de que os governos são reféns de um povo ignorante na sua maioria. Veja-se o exemplo da Grécia: o país já estava na falência o ano passado e qualquer pessoa atenta o sabia (até eu que nunca lá fui). No entanto o governo actual ganhou as eleições porque... prometeu subir os ordenados aos funcionários públicos... LOL. Parece a conversa do jovem a quem disseram que o Pai Natal vinha de noite pela chaminé. O jovem passou a noite toda à espera até que de manha lhe explicaram que o Pai Natal não existia. Então o jovem ficou todo ofendido por o terem enganado. Ofendido por o terem enganado??? Devia estar era com vergonha por ser parvo e ainda acreditar no Pai Natal. A realidade é que em países como Portugal e outros os governos pouco podem fazer: o povo quer é festa e bailarico. Quando aparece alguém a dizer que é preciso trabalhar mais e comer menos perde logo votos para o tangas que promete mais dinheiro e menos trabalho. E depois queixam-se que foram enganados. Eu pela minha parte até não me importo que o governo baixe o IVA e as empresas continuem a cobrar o mesmo pelos produtos. Na prática é dinheiro que fica nas empresas em vez de ir para o estado, o que na prática quer dizer que fica nas mãos de quem o sabe gerir melhor. Sim porque não me venham com a conversa que é preferível ficar o estado com o dinheiro. Independentemente disso, as minhas previsões são as seguintes: depois das férias vêem aí mais cortes, nomeadamente eu já me preparava para ter um natal com menos prendas e mais beijinhos. Que é como quem diz, o próximo alvo devem ser os subsídios de natal. É só fazer as contas: o governo recebeu um ultimato (não declarado) da União Europeia para reduzir o défice até ao final do ano. Para se atingirem as metas propostas as medidas anunciadas até agora não chegam nem pouco nem mais ou menos, logo é inevitável virem aí mais medidas. Provavelmente anunciadas durante o mundial de futebol... E o burro sou eu? Afinal o Pai Natal não existe? Só se deixa enganar quem quer ou quem gosta... TP