No meu artigo sobre
comprar casa a quanto tempo tentei defender a minha ideia que é mais benéfico usufruir do máximo de tempo possível. Pode parecer estranho, mas apesar de ser
contra os créditos, na compra de casa prefiro créditos com o maior prazo possível. No outro artigo houve alguns comentários interessantes mas penso que ficou tudo pouco esclarecido. Vai daí e tentei fazer uma simulação mais completa com base nos dados de uma das pessoas
que comentou. Para este exercício vamos supor que temos 2 rapazes de 30 anos a querer comprar casa: o Paulo Curto e o Paulo Longo. Ambos têm um
plafound de 500€ por mês para a casa durante 50 anos. Nesta simulação não há variaveis externas como inflacção, euribor, taxas de juros variadas, descontos de IRS, etc.
Ambos vão comprar uma casa cujo valor original é 100k (k = milhares, ou seja 100k = 100 000). Mas um vai comprar a 25 anos e o outro a 50 anos. A ideia é ver qual das opções é a melhor para as
finanças de cada um. Aqui estão os dados iniciais da simulação:
Sujeito |
Valor Inicial |
Prestação |
Anos |
Valor Total |
Paulo Curto |
100k |
500 |
25 |
500*12*25 = 150k |
Paulo Longo |
100k |
350 |
50 |
350*12*50 = 210k |
Os 500€ mensais, só podem ser usados para a casa ou para poupança. Nesta simulação o Paulo Curto vai pagar menos 60k que o Paulo Longo. Entretanto o Paulo Longo vai armazenando 150€ por mês durante os 50 anos. Enquanto que o Paulo Curto não armazena nada durante 25 anos mas depois armazena os completos 500€ por mês. Se o Paulo Longo armazenar religiosamente os 150€ por mês, chega ao final dos 50 anos com 12*150€*50 =90k. Fazendo com que o seu saldo efectivo no final do prazo seja -210k+90k = -
120k. Pode parecer um bom negócio em relação ao Paulo Curto, mas não podemos esquecer que o Paulo Curto fez um esforço de investimento para retirar dividendos mais tarde, e isso tem de ser contemplado.
De seguida está uma tabela que mostra em prazos de 5 anos o custo da casa relacionado com a poupança:
Período
(Anos) |
Paulo Curto |
Paulo Longo |
Encargo Casa |
Poupança |
Poupança Acumulada |
Encargo Casa |
Poupança |
Poupança Acumulada |
0-5 |
30000 |
0 |
0 |
21000 |
9000 |
9000 |
5-10 |
30000 |
0 |
0 |
21000 |
9000 |
18000 |
10-15 |
30000 |
0 |
0 |
21000 |
9000 |
27000 |
15-20 |
30000 |
0 |
0 |
21000 |
9000 |
36000 |
20-25 |
30000 |
0 |
0 |
21000 |
9000 |
45000 |
25-30 |
0 |
30000 |
30000 |
21000 |
9000 |
54000 |
30-35 |
0 |
30000 |
60000 |
21000 |
9000 |
63000 |
35-40 |
0 |
30000 |
90000 |
21000 |
9000 |
72000 |
40-45 |
0 |
30000 |
120000 |
21000 |
9000 |
81000 |
45-50 |
0 |
30000 |
150000 |
21000 |
9000 |
90000 |
|
150000 |
150000 |
|
210000 |
90000 |
Esta tabela tem vários dados interessantes. O Paulo Curto passa os primeiros 25 anos a pagar a casa por completo, enquanto que o Paulo Longo vai amealhando. Após pagar a casa, a velocidade a que o Paulo Curto poupa é muito maior que a do Paulo Longo. É interessante ver que ambos chegam à mesma riqueza ao ano 35. Tendo em conta a idade inicial de 30 anos, sinifica que aos 65 anos quando ambos vão para a reforma, ambos têm à volta de 60k na poupança. A partir daí o Paulo Curto enriquece muito mais rapidamente e chega aos 80 anos com 150k, contra os 90k do Paulo Longo. A diferença são os 60k do valor total da casa que vimos anteriormente.
Com estes dados todos já conseguimos algum contexto importante. O Paulo Curto têm de se esforçar mais durante os primeiros 25 anos para que somente aos 55 anos consiga ter mais dinheiro disponível mensalmente, sendo que ainda precisa de mais uma década para apanhar a riqueza do Paulo Longo. Por outro lado o Paulo Longo teve sempre mais dinheiro do seu lado, que poderia investir ou usar quando precisasse. Somente aos 65 anos é ultrapassado pelo Paulo Curto, altura em que os 60k já lhe dão para uma reforma sem problemas e com muitas
viagens.
Isto mostra bem a minha preferência em ter sempre a maior parte do dinheiro do meu lado, por oposição em dá-lo ao banco. No final de contas é tudo uma questão de preferências, mas penso que desta forma o meu caso está melhor defendido e assim se pode ver que ambas as abordatens têm vantagens e desvantagens.
Algo que também gostaria de incorporar aqui era o efeito das amortizações. Valem a pena? Certo que valem a pena num contexto de despachar a casa, mas no contexto de ter o máximo de dinheiro na nossa conta, é discutível. Outro pormenor interessante é que o Paulo Curto iria tentar dar o máximo possível de entrada, enquanto que o Paulo Longo iria tentar dar o mínimo.
Por fim, és um Paulo Curto ou um Paulo Longo?