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Os PPR valem a pena?

23 Mai 2010

Normalmente temos discussões muito interessantes no nosso grupo de amigos, como por exemplo acerca dos prazos para comprar casa. Muitas das vezes temos todos opiniões diferentes, o que resulta em debates muito acesos. Em relação aos PPR estamos todos em harmonia: não valem a pena, e há muita informação duvidosa a circular por aí.

Para começar é preciso falar das propriedades típicas de um PPR:

  • São aplicações de longa duração  (para os jovens), pois são aplicações que só podem ser desmobilizadas na reforma
  • São aplicações com benefícios fiscais relevantes

Isto é o típico. Mas agora há aí uns PPR que podem ser desmobilizados a qualquer altura desde que não os declaremos no IRS (leia-se: não tenhamos tirado dividendos fiscais dos mesmos). Eu esses PPRs vou ignorar, pois são apenas aplicações financeiras como depósitos a prazo, fundos, etc: têm uma taxa de juro ao ano e algumas restrições. Mas não é preciso esperar até aos 65 para mexer no dinheiro.

Quanto aos outros, é preciso analisar a coisa com muita atenção. Os bancos agora andam a aconselhar muito esse tipo de aplicações aos jovens, e metem PPRs em pacotes quando eles compram casa. É preciso ter noção que os maiores interessados em ter lá uma renda em que não podemos mexer durante décadas são os bancos, não somos nós. E nós precisamos do dinheiro é agora! A poupança é muito importante, mas há tantos mecanismos de poupança que não nos restrigem a décadas sem mexer no dinheiro, que os PPR se tornam desinteressantes.

Mas há benefícios fiscais! Pois é, isso supostamente é a grande vantagem dos PPR. O Banco BiG dá inclusivé valores para essas vantagens fiscais:

Exemplo: se tiver 36 anos de idade poupa nos seus impostos 350€ caso faça um investimento de 1750€.

Isto dá uma rentabilidade brutal ao PPR. Além da rentabilidade normal da aplicação o estado ainda nos devolve 350€. Não há nada melhor. Há aquela limitação de que só podemos mexer no dinheiro daqui a 3 décadas. E depois há aquele pormenor engraçado onde eu acho que há muita falta de informação. Vamos ler novamente: Além da rentabilidade normal da aplicação o estado ainda nos devolve 350€.

Ou seja, registamos 1750€ um ano no nosso IRS, e o estado devolve via IRS 350€. O devolve é que é muito importante aqui, e temos de pensar como funciona o IRS. Ao logo do ano pagamos X de IRS, no final do ano quando fazemos o IRS apresentamos despesas e conforme as regras do governo, podemos receber de volta. O estado devolve assim IRS a quem teve mais despesas relevantes e não supérfluas. Devolve, não dá nada. Ou seja, se eu ao longo do ano paguei somente 200€ de IRS, mas pus 1750€ num PPR, o estado devolve-me até 200€ e não os 350€.

Isto para quem ganha bem, é irrelevante. Mas para a maior parte das pessoas torna-se muito relevante e é preciso fazer as continhas todas para ver a rentabilidade verdadeira dos PPRs. Já vi vários bancos a sugerir PPRs aos meus pais, mas nunca nenhum pediu o IRS para os poder aconselhar melhor.

 

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