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Sou de esquerda ou de direita?

16 Ago 2010

No outro dia um amigo disse-me que eu era um gajo completamente de direita, devido às opiniões que costumo deixar no Polémicas. Na verdade nunca liguei nada a política e não sei bem o que é ser de esquerda, direita, ou de centro. Aliás, sempre associei estes termos a conversa da tanga. Eu costumo associar esquerda ao povo, direitos do povo, poder ao povo, etc. E associo direito a interesses corporate e capitalistas.

A origem desta conversa é a opinião com a qual concordo de que um trabalhador tem tanto de direitos como de deveres. E considero que neste momento que as leis portuguesas defendem os direitos dos trabalhadores mas esquecem-se dos deveres. Isso naturalmente prejudica as empresas e por sua vez vai prejudicar os trabalhadores. Há quem defenda que o despedimento sem justa causa defende o desemprego, faz com que um trabalhador sem escrúpulos não possa despedir facilmente o Sr Manel que está naquela empresa há 30 anos como efectivo, e não o pode substituir por um movelo mais novo e barato só porque lhe apetece.

Esta medida não protege só os velhotes mas também as mulheres, que ficando grávidas não levam logo uns patins porque têm os seus direitos assegurados (será que protege? eu próprio já vi isto acontecer várias vezes...). Também tem como objectivo impedir o trabalho "escravizado". Falo daquelas profissões em que há tanta oferta de trabalhadores que os empregadores podem baixar os ordenados e forçar horas extra com a consciência de que se o trabalhador A não quiser, arranjam no dia seguinte outro.

O que eu acho que passa ao lado das pessoas que defendem o não despedimento, é que isto protege uns, mas lixa completamente outros. Protege aqueles que estão há 20 anos no poiso e já não rendem porque não precisam, e lixa os jovens que só conseguem trabalho precário. Para que é que uma empresa vai pôr alguém a efectivo quando há coisas como recibos verdes e estágios profissionais? Quando vai ficar com limitações complexas com esse trabalhador?

Por isso é que o outsourcing está tão na moda. As empresas preferem pagar o dobro por um recurso e poder dispensar os seus serviços a qualquer hora, a pagar metade e ficar ali com uma responsabilidade para a vida. Lá fora, em países ditos mais civilizados, há o despedimento arbitrário, e o que acontece é que o mercado se equilibra. Os que são bons e produtivos recebem muito mais (basta pensar nas verbas que as empresas pagam em outsourcing). Os que se encostam são despedidos e andam de pular de trabalho em trabalho.

Em suma, eu defendo que um trabalhador deve receber de acordo com a sua rentabilidade. Tudo o resto é conversa da tanga. E para os que acham que barrar os despedimentos nos ajuda muito, é favor ler a notícia: Trabalho: Portugal é dos mais precários:

De acordo com o gabinete de estatísticas europeu, Portugal tem 22 por cento da população empregada contratada a prazo, sendo apenas ultrapassado pela Polónia (26,5 por cento) e por Espanha (25,4 por cento).
 

Opinião

 
Etiqueta(s):gosto-de-trabalharpolitica

Comentários

  • Micael Sousa
    As questões de esquerda e direita não difíceis de compreender. Seriam fáceis se em Portugal a formação política e cívica fosse mais generalizada. Infelizmente estes termos, que deveriam ser do conhecimento comum, estão cada vez mais reservados para elites - sinal de que a nossa democracia participativa tem funcionado mal e que urge educar politicamente os portugueses. Pois muitos fazem politica, têm ideais e ideologia mas não têm delas consciência. Se não sabemos descrever e identificar exactamente qual a nossa corrente de opinião como a poderemos desenvolver e aplicar na prática? Como poderemos ser cívicamente activos sem a devida formação política (pois são indissociáveis se estudarmos os termos a fundo)?