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A Problemática dos Professores

28 Set 2010

Todos os anos há a controvérsia dos professores. Penso que deve ser das poucas profissões em que as pessoas saiem da escola e o estado tem a responsabilidade de as empregar. E se não o faz há as queixas e manifestações do costume. Ironicamente penso que o que mais prejudica os novos professores é exactamente as condições que os professores têm. Passo a explicar: normalmente, num cenário ideal, um trabalhador recebe conforme o seu rendimento. Há casos e casos, é certo. Mas quando temos uma pessoa que não rende numa entidade privada, então a responsabilidade é dos patrões e da empresa. Quando se fala das escolas, a responsabilidade é sempre do estado, que tem os bolsos largos.

Imaginemos que se abre uma escola e entram 10 educadores, cada um numa sala com 10 miúdos. Entram sem ganhar muito, mas daqui a 10 anos, com os mesmos 10 miúdos por educador, eles já vão ter um aumento tabelado considerável, e se calhar estão a ganhar 1.5 do que estavam a ganhar. O problema, é que eles rendem a mesma coisa, têm os mesmos 10 miúdos, que têm os pais a pagar praticamente o mesmo. E isto é um grande rombo nas finanças do estado.

Para uma instituição normal, isto é uma situação incomportável! De um ano para o outro podem ter um aumento significativo de encargos salariais, sem terem alterações significativas na sua facturação. Daí todos os problemas que o estado está a ter neste momento com os professores. Temos muitos professores com muitos anos de casa, a receber demasiado bem, sem fazerem o necessário para render esse dinheiro.

Então vêm os cortes nas entradas e o trabalho precário para os jovens. O estado, cheio de dívidas e problemas, e em época de crise, não pode estar hoje a pôr mais 1000 pesosas no quadro, para daqui a 10 anos ter um aumento substancial do custo dessas pessoas. O mesmo sindicato que criou o tacho para os da casa, prejudica gravemente as entradas.

Depois há as avaliações... Por forma a atenuar os encargos com os professores que já estão no quadro, foram criadas as avaliações. Só avança no escalão quem tiver nota X. Então, conforme orçamento, abrem N vagas para subida, e todos os outros são corridos a nota baixa, para se manterem no mesmo escalão. Aqui nascem mais injustiças, mais intrigas, mais cunhas. Mas qual é a outra opção? Eu sei que para os interessados, interessa muito este tacho. Mas se formos ver a situação do ponto de vista do país, é algo que não pode ser suportado.

Em relação a este assunto só gostava de deixar mais uma nota: todos nós estudantes sabemos que há bons professores e maus professores. Há professores com vocação e gosto, e há professores que só estão a dar aulas porque não encontram trabalho em mais lado nenhum, ou porque querem é o tacho. Infelizmente não é fácil detectar estas situações sem recorrer à opinião dos alunos, que muitas vezes é facciosa.

 

Opinião

 
Etiqueta(s):guerra-dos-professores

Comentários

  • Sérgio Saraiva
    Eu se fosse professor acontecia: 1) Era professor sem vocação, apenas porque não me conseguia safar em mais lado nenhum 2) Levava uma bela vida sem o saber com horários controlados, etc, mas não tinha consciência disso porque não conhecia mais nada uma vez que nunca tinha trabalhado noutro sitio 3) Queria aumentos todos os anos porque é um direito adquirido da democracia 4) Não conseguia perceber que o dinheiro que paga os salários de pessoas como eu não cai das árvores nem vem de uma máquina do ministro das finanças de fazer dinheiro 5) Estava a contar os anos até aos escalões mais altos da profissão onde pouco ou nada se faz, mas ganha-se bem (o tacho) 6) Considerava que a culpa dos alunos serem maus era dos pais que não lhes dão educação, e portanto o estado devia intervir 7) Seria contra tudo e contra todos, e contra a avaliação em particular 8) Era contra o que existe e contra a mudança, o que queria era encher a pança 9) Pensaria que a melhor forma do país avançar era aumentarem-me o ordenado 10) Os pobres que paguem a crise
  • Arzebiuzação Total
    Ainda acrescento que, paraalém do aumento do ordenado com a progressão na carreira, ainda é reduzido o horário, e no caso de professor a partir do 2º ciclo, também é reduzido o numero de turmas!