Arzebiu aos Molhos!

Outubro de 2010 marca a minha carreira profissional de forma... especial e arriscada. Com o país em plena crise, e comigo num emprego muito bom e a receber muito bem, numa empresa que trata os seus colaboradores acima da média, eu decidi começar por conta própria. Sempre quis fazer as coisas à minha maneira, ter a minha própria empresa, depender apenas de mim.

Apesar destas pretensões, a verdade é que mesmo antes de acabar o curso eu já tinha contrato assinado. Foram quatro anos a trabalhar por conta de outrém, em que pelo menos 25% do tempo fiz coisas de que gostei imenso e que contribuiram para a minha formação como profissional. Foram quatro anos que considero importantes e que me deram bases significativas para agora tentar a minha sorte por conta própria. Quatro anos em que conheci muitas pessoas e aprendi imenso.

Então porquê esta decisão? Porque já me encontrava saturado e sem evoluir. Vivia entediado com a rotina do dia a dia, sem desafios aliciantes nem nada que puxasse por mim. Sentia-me a estagnar. Isto pode parecer o normal para a maior parte das pessoas, mas eu sou um rapaz novo, e ainda tenho muitos anos pela frente. Se o meu destino for ser uma corporate whore a receber bem e com trabalho entediante, então que o seja. Mas devo a mim mesmo experimentar esta hipótese, que sempre me seduziu. Prefiro apostar agora e falhar, do que passar a vida sentado numa secretária a pensar no que poderia ter sido.

Esta decisão não veio de ânimo leve. Apesar de sempre ter tido esta vontade, a verdade é que vivia conformado. Tudo mudou numa tarde de Agosto em que estava a serviço super entediado  e sem grande coisa para fazer e vi que uma pessoa amiga, mais nova do que eu, tinha criado a sua segunda empresa. Irra! Pensei logo: ando eu aqui estagnado a encher chouriços e este gajo está imparável!

Esta pequena coisa fez mudar tudo. Comecei a falar com a minha babe e a fazer contas à vida. A minha companheira, como grande mulher que é, apoiou-me imenso e deu-me grande parte da força e coragem que precisei. Depois falei com os meus pais e amigos mais próximos que também me apoiaram imenso, mesmo sem saber que raio é que eu iria fazer ou como me iria sustentar. Todos estes factores ajudaram imenso, sem dúvida.

Cheio de motivação virei-me para as contas. Começar por conta própria significa baixo income nos primeiros meses. Eu, como todas as pessoas, tenho contas para pagar. Tenho a sorte de não ter tantas como o casal normal, mas tenho. Sendo eu tão cuidadoso com a minha gestão de finanças pessoais tive de traçar um plano com pés e cabeça. Afinal de contas tencionamos casar para o ano.

É um investimento considerável que estamos a fazer em mim. Além do dinheiro que está no saco, há que considerar todo o dinheiro que não vou receber de ordenado. É o trocar o receber bem por fazer algo que não gosto, por ganhar pouco a fazer algo de que gosto muito. A minha convicção é que tal é possível e fazível.

Há muitos desafios à minha espera e sinto-me nervoso e ansioso. Mas cheio de vontade. Resta saber como irá correr esta minha aventura e se vou ter o necessário para ter sucesso. Estou confiante que correrá tudo bem e que será mais uma experiência importante na minha vida e especialmente na minha formação como profissional. Vai-me abrir novos horizontes, novas maneiras de trabalhar, novas connections, e ficarei com uma outra visão do mundo do trabalho.