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O poder de assumir o erro

11 Jan 2011

Todos nós fazemos asneiras de vez em quando. Se pensar bem, consigo pensar em várias alturas da minha vida profissional em que vi a minha vida a andar para trás.  Bem para trás. Houve uma vez em que ao fazer umas operações de manutenção numa base de dados, já em plena noite, tivemos uns stresses e parecia que iamos perder uma base de dados enorme de um cliente bem grandinho. Com muito nervosismo e paciência conseguimos resolver. De outra vez houve umas leaks mega chatas que foram nossa responsabilidade. Estas leaks poderiam pôr muita gente em apuros e eram nossa responsabilidade. Felizmente ficou tudo em águas de bacalhau.

Costumo dizer que isto são coisas que só não acontecem a quem não põe as mãos na massa, ou a quem já passou por muitas coisas antes. E portanto tomam precauções. Às vezes basta estarmos mais cansados ou distraídos, chateados ou resmungões, para fazer asneira. No meio das várias situações chatas que já passei, houve uma que me ficou marcada na memória.

Foi no meu primeiro emprego. Estava a trocar mails com um cliente estrangeiro e a certa altura envio-lhe uma resposta que seria algo assim: "Isto que fizeste está mal, eu preciso que faço A e não faz, por favor revê". Acontece que o que ele tinha feito estava tudo bem, coisa que ele sublinhou quando me respondeu e pôs meio mundo em CC. Isto começa logo um pseudo-desastre político. O meu chefe recebe logo um telefonema dos chefes de lá, enfim. Mas lá resolveu as coisas.

Entretanto levanta-se, dirige-se a mim calmamente e puxa de uma cadeira para se sentar ao pé de mim. Nunca o tinha feito, pelo que presumi logo que ia ouvir um sermão. Então perguntou-me: "Que é que se passou com aquele mail?". Ao que eu respondi: "Foi erro meu, não tomei a devida atenção ao que ele me enviou e respondi logo. Ele tem razão, estava tudo bem".

Após a minha confissão ele explicou-me como eles eram sensíveis e que estas coisas eram aproveitadas politicamente nas discussões deles. E pediu-me para ter mais cuidado para a próxima. Levantou-se e voltou à sua secretária.

O facto de eu não ter inventado desculpas, ter assumido logo o erro, tornou a conversa curta e deveras agradável. E este senhor está no top de managers que tive até hoje.

 

OpiniãoTrabalho

 
Etiqueta(s):motivacaoerroasneirasstresses

Comentários

  • Tiago Sousa
    É verdade tu foste o meu companheiro de stresses no 1º projecto que referiste :D, houve ali uma altura que até tive suores frios. Foram situações complicaditas!
  • Nuno Silva
    Tive o prazer de partilhar esse manager contigo e devo dizer que ainda hoje tenho saudades dele. Para além de ser uma pessoa 5 estrelas, sabia falar com as pessoas, dar-lhes motivação quando precisava e dar-lhes sermões quando merecíamos. Mas sempre de uma maneira que polite e única. Esse "1º Projecto" de vez em quando tinha os seus stresses... mas também só quem põe as mãos na massa é que os tem.
  • JC
    havias de ser meu colaborador... tinhas sido xibatado durante a noite toda!! isso é "LACK OF SOCIAL SKILLS!!" :P