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Eu e a Matemática

25 Jan 2011

Já cá mostrei um video que defende que o nosso modelo de ensino está errado. Hoje vou aqui apresentar a forma como eu me fui adaptando à matemática. Tudo começou na primária. Já na altura eu era super perguiçoso, pelo que a ideia de ir para casa decorar a tabuada me chateava bastante. Em vez de decorar a tabuada eu comecei a apanhar truques para não ter de o fazer. Reparei que 4x3 era simplesmente 4+4+4. Então quando a professora me perguntava quanto era 4x4 eu facilmente fazia: 4 e 4 8, e 8 16. Para multiplicadores pequenos era fácil, para os outros comecei a apanhar mais truques. Multiplicar por 5 ou 10 é sempre fácil. Então eu começava a ajustar o ponto de início. Para fazer 5*7 fazia primeiro o mais próximo, que era 5*5 = 25 e depois somava 10 e lá tinha o 35. Se me perguntavam 9*8, eu sabia que era o mesmo que 8*9 que era simplesmente 80-8.

Ainda hoje eu não sei a tabuada de cór. E ainda assim completei um curso com um nível de matemática elevado. Olhando para trás, lembro-me de que era penalizado pela professora porque demorava um bocadinho a dizer a resposta. Tinha de a calcular. Não podia ser, tinha de ser de cór e ter tudo na ponta da língua. Hoje, é-me claro que o meu pequeno processo de perguiçoso é muito mais importante que saber as tabuadas todas de cór.

Apesar de me ter sempre safado a matemática, a verdade é que nunca tive especial aptidão ou gosto por esta disciplina. Mas eu só encontrei matemática a sério na universidade. Digamos que a matemática do secundário é uma tanga. Quando cheguei à universidade dei de caras com uma matemática muito mais complexa, e mesmo assim fui-me safando. Quando penso qual seria a diferença para o secundário, parece-me óbvio: são os professores. Na universidade apanhei professores muito mais qualificados que no secundário.

Mesmo na universidade tive de apanhar truques. Após ter chumbado o primeiro semestre a matemática e álgebra, comecei o segundo disposto a não voltar a ficar para trás. Eu, como perguiçoso, não fazia os trabalhos de casa. Em contrapartida ficava super atento nas aulas. Ao ver os professores a resolver os exercícios eu comecei a apanhar um padrão: não era preciso ter uma grande mente para os resolver. Só era preciso aplicar uns 3-5 truques que eles iam explicando. Além de não fazer so TPCs, raramente escrevia algo nas aulas. Estava sempre super atento a ver como é que os professores pegavam nos problemas e os resolviam. E aprendia a fazer como eles. Isto funcionava com os professores que realmente resolviam os problemas em voz alta na sala. Apanhei vários professores assim e consegui fazer várias cadeiras à primeira, mesmo as consideradas mais difíceis. Ironicamente chumbei algumas mais fáceis exactamente porque os professores espetavam matéria no quadro e não davam exemplos de valor.

Naquela altura comecei a aperceber-me que conhecimento é diferente de inteligência. Se me dessem os conhecimentos/ferramentas eu conseguia safar-me. Se não dessem, como eu era perguiçoso também não os procurava e não tinha a inteligência necessária naquela área para ter sucesso.

A verdade é que o método que me assentava, provavelmente choca com outras pessoas. Isto porque todos somos diferentes e temos aptidões diferentes. Quando se fala tanto nos maus resultados dos portugueses na matemática e relembro a minha história não me espanta nada.

Recordo ainda a história de um dos meus melhores amigos, que chumbou duas vezes no secundário e fez um curso de engenharia sem perder um ano. Ou da minha mana, que também chumbou um ano por causa de matemática e depois completou um curso superior sem perder um ano.

Em termos de finanças públicas, podemos todos concordar que isto é péssimo! É o exemplo de duas pessoas que atrasaram a entrada no mercado de trabalho 1/2 anos por causa de um professor de matemática. Se formos a contabilizar os impostos que o país perde por casos destes, começa a ficar significativo. E ainda assim sempre que vejo os professores em greve, nunca os vejo preocupados em aumentar a sua produtividade ou melhorar resultados.

 

Opinião

 
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Comentários

  • arzebiuzaçao total
    agora em termos pedagogicos ja se começa a dar mais imprtancia ao processo do que ao resultado, mas isto e so para aqueles pedagogos que nao se desviam da actualizaçao, pq sao pesquisas recentes. Claro, no estado sao muito poucos q o fazem, por isso o nosso ensino ainda fomenta fazer a tabuada 20 vezes inves de a compreender. Muitas vezes o problema acontece pq os professores estao tao enraizados a ensinar nesse processo que e dificil descentrar e eles proprios terem a capacidade de trocar tudo por miudos. Esse e o desafio na educaçao de infancia! Qual 1+1.... E mase 1/3+2/3! Mas la esta: nos quando nascemos somos genios.... A educaçao e que nos corrompe!
  • Arzebiuzado
    Eu não fui corrompido, por isso devo continuar um génio.
  • arzebiuzaçao total
    claro que essa tinha q ser a tua resposta arzebiuzada!
  • Sapo Ninja
    1+1 = 1/3+2/3 .... hummm Já percebo pq ambos chumbaram a matemática... :P Resposta certa: 1+1 = 4/3+2/3.... Ai estes arzebius
  • Arzebiuzação Total
    E tu deves ter chumbado a português. Eu não disse que 1+1=1/3+2/3.............. Lê lá de novo!
  • Arzebiuzado
    Diz lá então o que querias dizer mesmo? Eu também não percebi... :P