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A minha cara de bandido

22 Fev 2011

Já começo a estar habituado a ser mandado parar pela polícia. Presumo que devo ter um carro propenso a atividades ilegais. Ainda assim desta vez foi memorável. Vinha eu já de noite na Póvoa de Santa Iria quando sou mandado parar. Lá passo os meus documentos e a carta verde. O agente começa a fazer-me algumas perguntas estranhas.

Agente: Você tem algo no carro que o incrimine?

Eu: Não.

Agente: Sim ou não?

Eu pensava que até tinha cara de bom rapaz. Mas talvez por estar com a barba grande e quiçá de olheiras ele ficou desconfiado. Entretanto chega o colega dele a dizer que a carta verde que eu lhe dei é de 2009. Aqui a culpa é minha que ainda tenho as coisas desorganizadas. Comecei a procurar já um bocado nervoso com medo de não a encontrar. Presumo que ele tenha encarado o meu nervosismo como se eu estivesse a esconder algo. Depois disse que ia fazer um telefonema. A ideia era ligar à minha mais que tudo a perguntar onde ela tinha arrumado a carta verde. Mas ele deve ter pensado que eu ia ligar para o advogado.

Começou então a bateria de perguntas, algumas delas feitas várias vezes:

  • Você fuma alguma coisa?
  • Você tem algo que o incrimine no carro? Se tiver é melhor dizer agora, estou já a avisar!
  • O carro é seu? De certeza?
  • Já alguma vez teve problemas com a polícia? Seja sincero!

Aqui já começava a pensar que ele estava a implicar, principalmente porque os meus documentos respondiam a algumas das perguntas. A certo ponto pede-me para sair do carro para ser revistado. Eu saio e ele pede-me para esvaziar os bolsos. Para aumentar o fator cómico da cena, eu tiro o telemóvel e... um canivete que costumo ter. É algo que uso para brincar e alimentar o meu bicho carpinteiro. É um canivete porta-chaves, mas ele torceu o nariz.

Depois pediu-me para abrir todas as bolsas do meu bat-cinto. Eu ando com um cinto à tiracolo onde tenho a carteira, as chaves do carro e de casa e o telemóvel. Ele também achou o cinto muito suspeito. "Então você usa isso para quê? Só para as chaves?" Depois de eu lhe mostrar tudo ele passou para o carro e viram tudo, sempre com o cuidado de me pedir para estar a ver. E sempre a sublinhar que se eu tivesse alguma coisa que era melhor dizer já.

Quando acabaram, perguntou-me: mas você é de onde mesmo? Ao que respondi que era da Amadora. Pimbas, voltou a revistar tudo uma segunda vez.

O que vale é que ele não perguntou o que eu tive a fazer durante o dia, se não ia ter de dizer que passei o dia a matar gajos, bichos e coisas esquisitas com as minhas armas favoritas: rocket launcher e shotgun.

Todo este processo durou cerca de 15 minutos. Quando já vinha para casa perguntei-me se ele me podia revistar assim, ou se ando a ver filmes a mais, daqueles em que é preciso um mandato judicial. Ainda assim, mesmo que fosse, mais vale alinhar, já que eu não tenho nada a esconder. Mas fiquei a pensar no poder que a polícia tem.

O pior disto tudo é que ao sair do carro deixei cair o telemóvel, que ficou com o ecrã todo partido. Oh well...

 

Paródia

 
Etiqueta(s):recordar-2011

Comentários

  • JC
    Ah! afinal sempre tiveste tempo para tirar o corpo da bagageira e a droga do porta-luvas. não sei é onde é que enfiaste a caçadeira de canos serrados que costumas levar contigo... :) Apesar de ter sido uma situação muito chata, penso que no fundo devia haver mais desses controlos, em vez de só se preocuparem com a caça à multa. uma coisa é certa, apesar da situação (e da preocupação da carta verde - que agora já deves ter num sítio arrumado em conjunto com o registo de propriedade e livrete) tu não tinhas nada a esconder por isso no fundo até estavas na boa. relativamente à questão sobre o teu cinto, até me admiro ele não te ter perguntado se não eras um bocadinho rabeta! :P (eu perguntava!) a parte mais gira foi mesmo a cena de depois de teres dito que eras da Amadora te terem revistado outra vez.. mto bom! relativamente à legalidade da situação, disseram-me que quando estás em inferioridade numérica podes-te recusar a sair do carro, desde que digas que não te importas de seguir os agentes até à esquadra mais próxima para que eles possam revistar o carro. pelo que percebi é para evitar que sejas agredido e depois é a tua palavra contra a de vários polícias que estejam no local. (não sei qual será a diferença disto acontecer dentro da esquadra, mas se calhar já não acontece tanto) pensa pelo lado positivo! tens um carro bué GT!! eheheh! e afinal sempre há polícia a fazer mais que caça à multa.. quem sabe se esses mesmos polícias não apanharam uns quantos manfias nessa noite. ;)
  • Arzebiuzado
    Sim, sinceramente não me importava nada de ser sujeitado a estas revistas, se eles fizessem isso a toda a gente. Afinal de contas o polícia estava só a seguir o seu instinto, que no meu caso estava errado, mas se calhar noutros não está.
  • Skub
    Esta tua situação caricata acontecia-me sempre com o meu antigo carro, o meu velhinho FIAT Uno não falhava uma operação...sei o que é dizer que sou da Amadora lol. Mas pior que te mandarem parar o carro é ires na estação de Entre-Campos e pedirem-te a documentação e darem-te uma conversa de xaxa, enquanto as pessoas passam por ti a comentar, para eles confirmarem que não és um foragido, atraves da comunicação com a central. Depois de terem uma resposta negativa à sua pesquisa, agradecem a tua disponibilidade e dizem que é uma operação normal. Depois disso comecei a sentir o que sentem os chineses, marroquinos e etc no Martim Moniz.
  • Arzebiuzado
    Pois, também devias estar de barba grande e ar de chunga? Por pouco não te apanharam ein. :P