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Dia #3 - Aljezur a Lagos

17 Fev 2012

Para compensar termos acordado super cedo na primeira noite, na segunda noite deixamo-nos dormir e só quase às 9h é que abalámos. Foi um erro que nos condicionou mais tarde, pois eu tinha de apanhar o comboio sem falta às 17h em Lagos. Estava era um frio de respeito. Quando começámos a pedalar víamos a relvinha toda branca da geada e ainda demorou um pouco até aquecermos. Eu mais uma vez sentia-me bem e recuperado. Não me doía o rabo que era o maior medo. Ainda assim já não me sentia a 100%.

Este dia foi um misto de alcatrão e de terra batida. Também passámos por paisagens muito bonitas e felizmente já não tivemos uma altimetria complexa para ultrapassar.

Também tivemos direito a mais uma praia. Desta vez o percurso foi curto, mas o que nos esperava no final da praia era a subida mais inclinada de toda a viagem. Foi a única vez em que suei e me caiam gotas de suor da cabeça. Eu nem fiz a subida toda. Penso que conseguiria, mas confesso que estava cansado, com a bagagem toda para carregar e tinha medo de fazer um esforço tão grande que depois isso me custasse caro.

No final da subida aproveitámos todos para descansar. Acho que este deve ter sido a parte mais remota de toda a viagem. Já em cima dos vales começámos a aumentar a velocidade e a certa altura o Tiago não leu bem uma curva e foi para as couves. Ainda perdemos um bom tempo a arranjar a bicicleta dele, que tinha ficado com um dos elásticos do alforges presos nas roldanas de trás. Após isso fomos rolando e mais uma vez parámos para almoçar com muita sorte. Era um restaurante que o Tiago já conhecia e a verdade é que não conseguimos comer uma dose e meia de frango assado. Nesta altura ponderávamos ir a Sagres ou não. Eu confesso que tinha muita vontade de ir, já que nunca tinha ido e estávamos mesmo lá ao pé. O problema é que ir implicava mais 20 km o que fazia com que tivéssemos de fazer 40 km até chegar a lagos.

Lá concordámos em arriscar e o caminho até lá foi a todo o gás. E tivemos a recompensa merecida de ter uma paisagem maravilhosa. Para Lagos faltavam 30 km e o Nuno já estava esgotado fisicamente. Para complicar ainda mais ao sair de Sagres apanhámos um vento de frente que nos impedia de andar a mais de 8 km/h. Por esta altura já estava a ver a vida a andar para trás. O Nuno estava a ser ainda mais castigado pelo cansaço mas a verdade é que mesmo que quiséssemos não conseguiríamos aumentar mais a velocidade.

Felizmente a certa altura virámos e perdemos o vento de frente. Aqui começámos  a puxar e a rolar a uma velocidade mais a sério. O caminho ainda era algo complicado com muito sobe e desce e o Nuno começava a dar de si. Ainda ponderámos ir nós os dois até Lagos e depois o Tiago vinha buscar o Nuno, mas a verdade é que queríamos chegar todos lá ao mesmo tempo. A muito esforço o Nuno lá nos seguiu e felizmente conseguimos chegar à estação de Lagos pelas 16h30. O Nuno chegou todo KO, mas sem dúvida que é admirável o esforço que fez.

Já em Lagos aliviei a minha bicicleta de carga que eles iam ficar com ela e trazê-la no domingo e apanhei dois comboios até ao Oriente. Vim quase sempre meio a dormir e todo cansado. Foram 3 dias que apesar de serem uma aventura espantosa, deixaram marcas no meu corpo. Cheguei ao Oriente e fui comer uma mega pizza com a minha querida mulher que me foi buscar. A essa altura já eu estava tão cansado que me doíam os olhos. Mesmo assim não resisti a chegar a casa e a ver todas as fotos e todos os vídeos.

Depois destes 3  dias em que fizemos 270 km  sinto que estou preparado para ir a Santiago de Compostela, mas que essa aventura requer um imenso respeito e preparação. Adorei fazer esta viagem e espero de ter oportunidade de fazer mais viagens como estas.