Cá estava o dia da consagração. Acordámos cheios de energia e com as pernas super cansadas já. Lá fora continuava a chover e já estávamos mentalizados que iriamos ser abençoados mais uma vez pela chuva. E se nos dias anteriores já tinhamos apanhado imensa chuva, no último dia tivemos 3 vezes mais chuva do que em qualquer outro dia. É que nos outros dias era mais chuva miúda, mas neste dia era chuva a sério durante grande parte do tempo.
Este dia também foi pesado e com alguma altimetria de respeito. Mesmo assim eu sentia-me super bem e estava a todo o gás. Mas quando vinha uma subida mais a sério lá sentia as pernas a queimar de queixume. Mas nunca senti necessidade de parar. A certa altura cruzámo-nos com outros biciclistas no caminho e Portugueses. Ainda não nos tínhamos cruzado com ninguém. Eles iam num ritmo mais suave e após passarmos por eles algo puxou pelo nosso sentido competitivo e fui eu e o Tiago em contra relógio de equipas a tentarmo-nos distanciar o máximo deles. Foi sem dúvida a parte mais rápida do dia.
Chegámos todos contentes ao nosso destino. Saboreámos um pouco mas logo vieram ao de cima as preocupações de voltar e sobretudo de como trazer as bicicletas. Mas antes disso ainda fomos levantar o nosso prémio: a Compostela. Um comprovativo em como fizemos o caminho. Em troca tivemos de mostrar a nossa credencial do peregrino, que hoje já estava praticamente cheia.
Que viagem. :-) Depois disto fomos então ao terminal de camionetas confirmar que poderíamos trazer a bicicleta na camioneta que queríamos apanhar, que era directa de Santiago a Lisboa. Mas afinal não posíamos, já que eles só fazem esse serviço para Espanha. Mas em alternativa, por mais 35 € podíamos mandar vir as bicicletas pela Seur. Foi o que acabámos por fazer. O preço total era quase o que seria de comboio e viríamos completamente descansados. Uns dias depois de chegar a casa recebi logo a bicicleta.
Depois fomos procurar o último albergue da viagem. Ficámos num imensamente bonito por fora, mas muito mau por dentro. Estávamos todos molhados, sujos de lama e cansados e nem um banho como deve ser com água quente conseguimos. Foi o dia em que pagámos mais e em que ficámos pior servidos. Penso que o caminho até Santiago é muito caricato, mas quando chegamos ao destino já está tudo comercial. Após o pseudo-banho e arrumarmos as coisas, fomos dar uma volta a pé pela cidade e ainda fizemos uns 10 kms a andar de um lado para o outro. Lanchámos no Burguer King, que foi o melhor sítio onde comemos em Espanha e para o jantar comemos fraquinho num restaurante. Mais uma falha, que no entanto não manchou a bela viagem que tivemos.
