Arzebiu aos Molhos!

Foi há cerca de 4 meses que descobrimos que estávamos grávidos. Já andávamos a tentar há algum tempo, mas estava um pouco demorado porque a minha babe tem uma coisa chamada síndrome do ovário policístico, que faz com que tenha as hormonas algo desreguladas e não tenha o período regular. Aliás, ela esteve 5 meses sem período após o nosso casamento. Foi um bocado chato porque não sabíamos o que ela tinha e por outro lado nunca estava grávida. Tivemos mesmo de mudar de médico por conselho de uma amiga e logo na primeira consulta ele detectou a situação e explicou-nos tudo. O que achamos que resultou foi um suplemento alimentar natural que ajudava a regular a insulina e as hormonas e essas coisas. Mas mesmo com o suplemento o período não ficou logo regular, ainda demorou uns dois meses.

A certa altura tive de levar a Clau de urgência para o hospital, que ela estava com dores horrorosas na barriga. Pensámos que seria apendicite. A médica na triagem suspeitou logo que fosse gravidez. Nós não sabíamos, mas aparentemente ter dores horrorosas que não se conseguem aguentar, é um dos sintomas de gravidez. Fizemos as análises que deram inconclusivas através do beta HCG. Ela estava com valores muito baixos, menores que 50. Quando as mulheres engravidam, este valor duplica a cada dia. Portanto ou era só algum amok, ou ainda era muito recente. Como não se podia arriscar ser gravidez, ela não podia tomar nada para as dores e tinha de as aguentar. Os ginecologistas investigavam tudo e não detectavam nada de mal. Os médicos de clinica geral também não detectavam nada. E íamos sempre para casa na mesma.

Mas as dores continuavam, eram persistentes e periódicas. Lembro-me de durante aquelas duas semanas acordar 2 a 3 vezes por noite com a Clau a sofrer imenso com dores. Eu não podia fazer nada, simplesmente lhe dava a mão e esperava que passassem. Como nunca passavam, insistia e à 3ª vez na mesma semana nas urgências lá houve alguma luz. Tiveram de recorrer a uma máquina de ecografias toda xpto e lá detectaram um pequeno saquinho com o nosso rebento. Nessa altura já o beta HCG era mais alto e já tínhamos a gravidez confirmada. Mas as dores continuavam. Aparentemente acontece com algumas mulheres e trata-se do útero a expandir para arranjar espaço para o bebé. As dores que a Clau tinha eram tão fortes que ela diz que não há nada pior que aquilo. Nunca quis um parto natural mas depois de passar por aquelas dores já diz que o considera pois não pode ser pior do que aquilo que já passou.

Devido a isto tudo ela estava marcada com gravidez de risco e ficou em casa a descansar nos primeiros 3 meses, período em que é mais provável um aborto. Agora já tem uma barriguinha muito bonita e já vimos o nosso rebento várias vezes nas ecografias. Confesso que da primeira vez que vi algo, me emocionei. O algo que vi era uma coisa muito pequena mas já dava para ver alguns membros. Além disso via-se lá uns pixeis a mexer: era o coração. Agora estas coisas são mais normais, vamos aprendendo e habituando-nos a esta nova realidade.

Vai começar uma bela aventura, uma das mais importantes da minha vida. E eu estou preparado para ela!