RSS
 

Survival 7

11 Out 2012

Depois de no ano passado termos participado no Survival 6 e termos gostado tanto, agendámos logo para este ano a participação  no Survival 7. Conseguimos reunir toda a equipa original dos Malfeitores da Passarinha e conseguimos inclusivé uma preparação mais elaborada. A nossa grande dificuldade tinha sido a orientação (especialmente de noite), mas um amigo deu-nos uma bela formação e ficámos muito mais à vontade neste assunto. Já estávamos à espera de uma prova dura, mas para animar ainda mais as coisas, o Tiago convenceu-me a tirar um dia de férias a mais e irmos de bicicleta para Avis.

Dia 0

Tive de sair de casa pelas 6h10 para apanhar o barco com o Tiago pelas 7h30. Era dia de greve da CP e Metro, pelo que não arrisquei em apanhar o comboio. Como a minha Clau anda toda grávida também não a quis incomodar, e então toca a madrugar e a sair de casa logo com a bicicleta. Imagino o que as pessoas que passavam por mim pensavam. Fiz um trajecto muito parecido ao que faço quando vou de bicicleta para o trabalho. Quando cheguei ao Cais Sodré, ainda esperei um pouco mas tal como planeado lá seguimos para o Montijo de barco.

Aproveitámos o trajecto da Ecopista do Montijo a Badajoz. Confesso que já andava a sondar este trajecto há algum tempo, mas a verdade é que não gostei muito. Isto porque é um trajecto muito monótono. Não tem dificuldades de altimetria, mas tem dificuldade de piso com muita areia chata. O caminho é sempre muito igual, estamos sempre por estradões sempre com a mesma paisagem à volta. Quando fomos para Santiago de Compostela era tudo muito diferente, eram novidades a cada esquina.

Chegámos a Mora já de noite. Foram quase 190 kms, contando também o trajecto do barco.

Dia 1

Até acordei bem, mas claro que ainda moído do dia anterior. Para este dia tínhamos de fazer 45 kms e combinámos ir bem suave para tentar recupear (embora raramente o tenhamos feito). O dia começou com a parte mais bonita de toda a viagem, com uma ponte de madeira e um single track perto do Fluviário de Mora muito interessantes. Mas durou pouco, e lá voltámos às paisagens normais. Chegámos por volta da hora do almoço e aproveitámos para comer bem e descansar. Pouco depois ainda fomos tomar uma bela banhoca na albufeira, enquanto esperávamos pelos restantes passarinhas.

Eles lá chegaram ao final do dia e depois de montarmos as tendas e jantar tivemos a primeira tarefa. Montar um espantalho  que seria a mascote da nossa equipa, tal como inventar um grito de guerra. Claro que das nossas cabecinhas não saiu nada de jeito, e lá nos divertimos a montar o Benfeitor da Passarinha. Depois já estava bem noite e não sabíamos se haveria prova agora ou de madrugada. Assim que me deitei para descansar, chamaram para começar a primeira prova.

A primeira prova foi muito diferente do que houve o ano passado. Tivemos de ir até Avis até uma zona onde recebíamos um mapa com pontos sem grande precisão. Cada mapa tinha 10 pontos e tínhamos de encontrar 9 para seguir em frente. Quando chegávamos à localização dos pontos tínhamos ainda algum trabalho a procurá-los, já que eles estavam muito bem escondidos. Após completar voltávamos à base e tínhamos um enigma. Se errássemos, teríamos de ir buscar um ponto só para perder tempo. Ainda errámos um. O jogo até foi bem engraçado, pelo menos até à segunda ronda. Confesso que acho muito ter 4 rondas de 10 pontos para encontrar. Talvez se houvesse mais variedade tivesse sido mais interessante. Lá completámos a prova e voltámos com umas pernas pesadas de tanto andar. Foram cerca de 12kms a andar e acabou já de madrugada.

Dia 2

Acordámos com a luz e o barulho lá fora, pelas 8h30. Deu para comer e nos prepararmos para o quebra-ossos, a prova mais dura. Recebemos o enunciado e tivemos uma táctica perfeita de ataque. Desta vez havia um constragimento importante, teríamos de obrigatoriamente picar um ponto entre as 12h e as 13h. E era bem perto do ponto final. A nossa ideia foi então apanhar o máximo de pontos nas redondezas e estar pelas 12h certas lá e sair quanto antes. Assim teríamos uma janela maior para apanhar os pontos mais longe. A manhã correu de forma quase perfeita. Mas de tarde tivemos problemas em 2 pontos que nos trouxeram muita frustação. Um deles viemos a saber que tinha desaparecido, e o outro fomos nós a marcar mal. Aprendemos que nestas coisas não podemos ter só um navegador, convém ter um segundo a fazer um double check. Apesar destes precalços conseguimos obter praticamente todos os pontos, bem auxiliados pela nossa equipa marítima que fez o impensável e apanhou imensos pontos que pensávamos não ser possível de apanhar por eles.

Ao final do dia chegámos 1h antes, com somente 1 ponto por passar. Se as coisas nos tivessem corrido melhor, por certo teríamos completado o quebra-ossos. Infelizmente por uma falha de comunicação não apostámos o joker nesta etapa. Ainda conseguimos ir dar um mergulho à albufeira e depois de lanchar tivemos uma bela banhoca quente. Depois do jantar vimos um bocado do Benfica até que começou a terceira prova.

Dia 3

A terceira prova foi para nós de uma frustação enorme. Já cansámos ainda tivemos de fazer 4 kms só de ida e volta para o sítio onde a prova começava a sério. Depois logo num dos primeiros pontos perdemos imenso tempo, porque o ponto dava numa propriedade privada totalmente vazia. Vazia mas andámos sempre com medo de um encontro de terceiro grau com uma vaca chifruda. Após tanto tempo às voltas lá decidimos pedir ajuda à organização e aparentemente o ponto estava mesmo mal. Não sei como as outras equipas se safaram. Provavelmente andavam às voltas e deram com o ponto certo e nós feitos nabos insistimos imenso naquela localização. Isto foi muito desmotivante para nós, sem dúvida. Mas lá fomos progredindo até chegar a uma parte engraçada: dois de nós foram de kayak até a uma outra margem, e nos outros deste lado teriam de enviar uma mensagem via código morse, com as lanternas. A equipa do outro lado ainda demorou a perceber a ideia. Mas foi engraçado.

Depois, mais um ponto trocado. Lá ficámos imenso tempo às voltas até depois alguém vir da organização nos dizer que estávamos no sítio errado. Mas que o ponto estava certo... eles alegam que as condições foram iguais para todas as equipas e que não nos podemos queixar, mas isso não me convence. Acho que estes pontos mal tirados premiaram quem não estava tão bem preparado em termos de orientação. Chega a ser irónico.

O último jogo também era muito engraçado. O nosso espantalho tinha sido raptado e tínhamos de o salvar numas ruinas sem sermos detectados pelos defesas. Na verdade já estávamos tão cansados e desmotivados que nos deixámos apanhar. Demorámos tanto tempo que até perdemos o bónus de chegada a horas. Foram 21 kms palmilhados naquela noite e toda a equipa já pensava em desistir e ir mas é para casa. Deitámos por volta das 6h da manhã.

Nem 3 horas depois acordam-nos com uma tarefa. Tínhamos de arrumar tudo e fazer checkout do parque. Ora, fomos os que chegámos mais tarde, dormimos 3h, estávamos chateados e isto não ajudou. Mesmo assim lá fizemos tudo e antes do limite estávamos a postos. Depois ainda tivemos de esperar mais uma hora pela organizaçao... Já estávamos tão arreliados que nem nos demos ao trabalho de colocar as tshirts todas sujas e suadas que éramos obrigados a usar e pedimos logo penalização de pontos.

Por esta altura o nosso Jorginho já se tinha encostado às boxes com duas bolhas de sangue super feias. Nesta 4a prova tivemos de ir para a barragem e pronto, mais caminhada. Foram mais uns 10 kms em que passámos por uns pontos com desafios de team building. Diria que foram bem menos interessantes que os do ano passado, conseguímos fazer tudo com sucesso. No final despedimo-nos do pessoal e viemos embora sem sequer saber os resultados.

Conclusão

Apesar de adorarmos o conceito do Survival, a frustação que tivemos foi a suficiente para ser muito difícil voltarmos. Nós somos muito competitivos e apesar de não termos entrado para ganhar, não nos identificamos com uma prova em que a posição em que ficamos não depende da nossa prestação mas sim de detalhes técnicos. Eu sei que a organização teve imenso trabalho e que fizeram de tudo. Sei que eles próprios também tiveram pena que certas coisas tivessm corrido mal.  Mas quando há coisas com as quais já não nos identificamos, mais vale seguir em frente. Desejo as maiores felicidades para a organização e espero que tenham muito sucesso. E quem sabe um dia os Malfeitores voltem para partir a loiça toda! :)

PS: Ver também o relato do Tiago e o relato do Nuno.