É normal as pessoas terem opiniões fortes enquanto às touradas. Eu sou contra, mas quando encontro pessoas que condenam as touradas pergunto sempre: “E carne de vaca do talho, comes? Não será mais feliz um touro que morre numa tourada do que uma vaca num matadouro?”. Normalmente respondem-me que não tem nada a ver. Que temos de matar para sobreviver. Eu não concordo nada com esta posição. Penso mesmo que é uma forma barata de justificar a nossa desresponsabilização.
O mercado de carne não tem como objectivo acabar com a forme da população. Tem como objectivo ser rentável. E de produzir em massa. Produz tanto que produz a mais. Sobre a necessidade que nós temos de carne, aconselho o seguinte artigo sobre fatos sobre o desperdício de comida:
A cada ano, aproximadamente um terço da comida produzida mundialmente para consumo humano — aproximadamente 1.3 bilhão de toneladas — é perdida ou desperdiçada.
Ou até:
Por ano, consumidores de países ricos desperdiçam quase a mesma quantidade de alimentos (222 milhões de toneladas) que a produção total da África Subsaariana (230 mihões de toneladas).
Justificamos o mercado de carne porque temos de nos alimentar. Mas desperdiçamos imenso. A nossa sociedade facilmente se foca em assuntos polémicos como as touradas, mas passa completamente ao lado de incineração de vitelos.
O presidente da Federação Agrícola dos Açores garantiu nesta quarta-feira que os produtores açorianos já não procedem ao abate e incineração de centenas ou milhares de vitelos para receberem um subsídio comunitário.
Milhares… era o negócio de produzir vitelos para os abater em troco de dinheiro, tudo em nome da regulação do mercado. Ninguém liga a isto porque nos toca a todos. É fácil não alimentar touradas, basta não pagar bilhete para ver. Mas quanto a este outro assunto, quanto a mim muito mais grave, já podemos fazer alguma coisa: parar de consumir. Isto já nos incomoda e então arranjamos justificações para ficar de mente tranquila e vamos voltar a falar das touradas.
Deixo aqui um vídeo que dá uma amostra do que se passa nos matadouros.
Vai um prego?