Depois das pressões europeias o governo lança novas medidas acerca do trabalho. Aparentemente são 50 novas medidas das quais destaco:
- Irá haver um tecto à indemnização no despedimento
- Os trabalhadores irão contribuir para um fundo para o seu despedimento
O argumento é que a facilidade em despedir irá incentivar as empresas a contractar. Isto pode parecer estranho, mas
não é. Hoje em dia as empresas preferem empregar precariamente (recibos verdes) a contractar simplesmente devido ao risco do despedimento. Basta ver o negócio do outsourcing em que as empresas preferem pagar imenso por um recurso só para terem a liberdade de o dispensar quando precisarem, em vez de pagar menos e no futuro ficarem com esse encargo.
É que há aqui duas facções: as pessoas efectivas empregadas que naturalmente querem defender a sua posição, e quem não trabalha e não consegue ficar efectivo exactamente devido a essas medidas que protegem o trabalhador. Mas vejo tanta conversa sobre despedir, e não vejo ninguém falar das razões que levam a despedir. Assim por alto temos:
- O posto de trabalho foi abolido
- O chefe não gosta do empregado
- O chefe não tem dinheiro para pagar
O problema é que é complicado assegurar o 2 e o 3. Em empresas de trabalho mais mecânico pode até haver as ameaças do género: ou trabalhas mais horas à borla ou levas uns patins. Por outro lado se a empresa está em crise e sem dinheiro vê-se num cenário complicado. Não pode despedir e não tem dinheiro. E depois o que é que pode acontecer? Entra em falência, e em vez de terem sido despedidos 20%, vão é todos para a rua.
Há que defender o trabalhador, mas há que dar também condições às empresas, por mais que
isso nos custe.
