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Quando é preferível o ensino privado ao público...

20 Jan 2011

Sempre tive um forte sentimento paternal em relação à minha irmã. Ela é 5 anos mais nova e sempre a acompanhei com muito gosto e orgulho. Ela acabou o curso de educação de infância em 2010 e entrou no mercado de trabalho como educadora. Antes era assistente de auxiliar de segunda categoria, o que deve ser o título mais cómico que já vi. Após terminar o curso eu via tanto nela como nas pessoas em redor que o ideal para ela era conseguir entrar no estado. O pessoal de educação é assim, tem como objectivo entrar na função pública. Ganhar segurança, não ter de se preocupar mais, por aí fora.

Eu na altura fiquei caladinho. Como um pai normal, tenho expectativas para o meu rebento mas quero que seja ela a viver a sua vida e que seja feliz. Mas eu não queria o estado para a minha mana. Eu já sei o que a espera. Ficando no estado ela ia estagnar. É que no estado eles focam-se em cuidar das crianças, mas não é isso que a minha mana quer e gosta. Dá-me muito orgulho ver que ela é mais que tudo uma educadora. Que o foco dela é pegar nos miúdos desde bebés e entregá-los à primária completamente desenvolvidos. Eles não tinham de saber matemática ou já saber escrever, mas tinham de ter a mente aberta, de ser o mais autónomos possível, de compreender e assimilar novos conhecimentos facilmente e ter uma imaginação fértil. São poucas as pessoas que após o periodo de ensino continuam a estudar e a querer evoluir. A minha irmã é uma delas.

A verdade é que ela lá conseguiu um estágio na função pública. Mesmo não sabendo se consegue o quadro ou não, sempre é melhor que nada. Durante os primeiros meses encarregue da sua sala partilhava comigo e com o meu cunhado as suas aventuras e experiências: há pessoas acomodadas, há pessoas que não trabalham, há pessoas que não querem saber, há pessoas perguiçosas. Nada de novo.

Até que surgiu uma hipótese de um projecto à parte, no privado. Quando ela fala nisso vejo o prazer e motivação que eu ganhei a certa altura. Por esta vertente ela pode ser muito mais. Num mundo ideal eu via a minha irmã a educar e em investigação. A estudar qual a melhor forma de educar miúdos numa creche e ter liberdade para o fazer. A dar aulas numa universidade e aliar a teoria à prática. E nesse mundo ideal os seus bebés iriam chegar à primária muito mais avançados que outros de outras escolas. E haveria tantos pais que não se importariam de pagar mais para ter os seus filhos com a minha irmã.

Num mundo ideal eu seria rico e um dos meus maiores investimentos seria a creche da minha irmã.

 

Trabalho

 

Comentários

  • Sapo Ninja
    Era o teu maior e o meu maior.Era algo que tenho como objectivo e vou tentar cumprir. Acho que seria algo que ela iria levar ao sucesso com muita facilidade
  • Margot
    Olha, a única experiencia que tive na função pública foi durante um estágio da pós-graduação. E as pessoas que eu conheci... enfim, conheci uma senhora muito entusiasta e dinâmica, que estava nos quadros superiores e as restantes estavam sempre a dizer mal de tudo, inclusive dos colegas e de terem de trabalhar tanto e estavam sempre a esquivar-se para não fazerem nada. E, atenção, que eles falavam dessas coisas para mim, que não me conheciam de lado nenhum... Eu fiquei parva!
  • Arzebiuzado
    Pois. O problema é que até há pessoas na FP competentes e trabalhadoras, mas a verdade é que acabamos por pôr toda a gente da FP no mesmo saco. Principalmente porque a maior parte do que conhecemos é assim como dizes...
  • skub_2003
    Como FP, posso afirmar que o problema da Função Publica são os dirigentes, uma vez que não motivam os colaboradores e defendem sempre os amiguinhos(esta é mesmo à coitadinho lol)...apesar do que se diz, posso afirmar que 75% da FP são bons profissionais mesmo não apoiados e orientados por bons dirigentes, dos restantes 25% destaco 12.5% que desistiu de evoluir e os restantes 12,5% são pobres coitados que se lembraram que tem de trabalhar para obterem um rendimento suf para "respirar", por isso na F.P ou no Privado iam dar no mesmo.
  • Arzebiuzado
    Na minha experiência com pessoal da FP as percentagens de bons profissionais são bem menores. Mas tal como dizes, muitas vezes até o privado tem disso, e muito.