Ao longo da minha carreira profissional já falei com vários chefes que dizem que não há trabalhadores indispensáveis. Interpretam uma empresa como um organismo vivo que quando perde um membro, facilmente o repõe. E o conceito até faz sentido: não pode ser viável que a empresa dependa de certas pessoas, e que caso essas pessoas saiam a empresa não consiga avançar. O que nunca se vê é os chefes falarem do custo de dispensar alguém. Se não há trabalhadores indispensáveis, todas as empresas devem ter trabalhadores cujo custo de dispensar seja muito alto.
Eu não sou chefe nem nunca fui, mas tenho uma visão diferente. Para mim há trabalhadores que são priceless. São trabalhadores que de facto são indispensáveis. E eu se fosse chefe, nunca os iria querer perder. Eu acho que os chefes até podem ter também esta noção, mas nunca a querem transmitir, talvez com medo que o trabalhador que se sabe indispensável peça um aumento de salário.
Cada vez me convenço mais que o salário é somente um de tantos fatores que prendem um trabalhador ao emprego. Do universo das pessoas que eu conheço que mudaram de emprego ou que o pretendem fazer, o dinheiro não é a principal razão. O dinheiro conta, e muito. Mas o prazer de trabalhar, não aguentar mais a monotonia e não ver futuro no que fazem, têm um papel muito mais importante do que o dinheiro.
Se tu és chefe, sugiro que compres umas flores e uns chocolates para cada um dos teus trabalhadores, e anexes um bilhete a dizer:
<Inserir Nome>, para mim, és indispensável.Pode parecer um bocado gay, mas pelo menos vais estar a falar a língua dos teus subalternos. E este pequeno gesto será tão mais saboroso que um aumento. Isto para os que gostam de chocolate.