Arzebiu aos Molhos!

O nosso obstrecta já nos tinha dito que se a Madalena não nascesse até dia 30 de Dez que iria induzir o parto. A Clau já estava muito inchada, com a tensão nos limites e não valia mais a pena esperar. Contudo a nossa filhota decidiu antecipar-se e no dia 27 à noite a Clau já estava com contracções de 4 em 4 min. Enviámos mensagem ao médico que disse que era melhor irmos para o hospital. Neste altura pensávamos que seria um falso alarme já que estávamos mentalizados para o dia 30.

Eu encarei isto como o teste ao nosso deploy. E claro, como esperado, passei do estado sentado de pijama no sofá para ter tudo pronto em 15 min. Depois foi esperar mais 30 pela Clau. Sempre pensei que estaria nervoso a fazer esta viagem para o hospital, mas na verdade estávamos os dois super calmos. Ela lá se ia despachando, ainda tomou banho antes de sairmos e tudo, e eu lá ia registando as contracções no cronómetro do telemóvel.

Chegámos ao hospital nas calmas e lá fizemos entrada. A médica viu que estava muito n início do parto e disse para eu ir fazer o internamento. Por esta altura as contrações da Clau eram já muito fortes, também de 4 em 4 min. Pediu a epidural e aliviaram imenso. Contudo houve um side effect de que ninguém nos tinha avisado: a epidural dá imensa comichão. E ela ainda sofreu um bocadinho.

Eram talvez 1h da manhã e já estávamos bem instalados em trabalho de parto. Eu lá tentava dormir num sofá ranhoso mas sem grande sucesso. De manhã chegou o nosso doutor e sugeriu uma cesariana. A Clau já estava de parto há muitas horas e ainda ia com 4  cm de dilatação. Ele também reparou que nas contracções o bebé baixava a frequência cardíaca, o que indicava que já não estava a gostar da conversa. Nós claro fomos pela via que o doutor sugeriu.

Aqui foi a parte de todo o processo onde tive mais nervoso. Pensava eu que ainda iam faltar umas 4h para a cesariana quando o doutor diz que é já agora. Comecei todo a tremelicar. Deram-me uma daquelas roupas ninjas e fiquei uns 15 min intermináveis à espera.

Quando entrei na sala de parto já estava tudo apostos. Ainda eu me estava a instalar já estava a enfermeira a perguntar se queríamos ver a menina a nascer. A Clau disse que sim mas que eu me poderia sentir mal. É verdade que tenho histórico estranho de desmaios com sangue. Mas não consegui resistir e olhei. O que vi foi a nossa filhota a sair da barrida toda suja e a começar a chorar. Pois é, afinal sempre há amor à primeira vista!

Depois de nascer as enfermeiras foram tratar da menina enquanto e a Clau começou a ser cosida. Pouco depois fui conhecer a nossa filha enquanto se vestia. É tão bonita.

Depois do parto foi tudo muito rápido. Foi o recobro, foram as visitas todas babadas. A menina portava-se muito bem e nunca chorava, gostava do colo de todos, mamava muito bem. Parecia tudo fácil. As coisas começaram a complicar aquando da mudança da primeira fralda e do primeiro cocó. A enfermeira veio ajudar mas depois teve de sair e a Madalena fez logo outro mega presente de seguida, que eu tive de resolver. Foi tanto que quase lhe chegava ao pescoço e a minha falta de treino fez com que sujasse a roupinha quase toda. Aliás, não sei quem inventou estas roupinhas, é preciso tirar um curso na NASA para conseguir fechar estes bodies. Mas pronto, tudo pacífico.

Já estava de noite e a enfermeira disse que devíamos ter um alarme de 4 em 4 horas. Nestas alturas os bebés ainda não pedem comida, ainda estão habituados ao ambiente da barrida da mãe e temos de ser nós a incutir essa rotina. As coisas tinham corrido tão bem durante o dia que até falámos em turnos, mas a verdade é que tivemos os 3 uma noite mal dormida. Na primeira mamada da noite as coisas não correram nada bem. Ela mamou mas depois começou a chorar imenso. Nós estávamos completamente sem ideia do que fazer. Chamámos a enfermeira que teve a fazer umas massagens e fomos a ver e a nossa filhota anjinha tornada diabinha estava cheia de gazes. Coitadinha. Com a massagem da enfermeira ela acalmou. Mas ainda assim foi complicado. A rotina começava por tentar acordar para mamar um bebé a dormir profundamente. É complicado. Depois de mamar tem de se pôr a arrotar, o que também é complicado para nós ainda inexperientes. E por fim pôr a dormir uma bebé já espevitada com cólicas...

E aconteceu 3x: depois de todo este processo e a acalmarmos e ela começar a dormir, teríamos de a voltar a acordar para começar tudo de novo. Foi uma noite muito complicada. Está a bebé a aprender a lidar com isto tudo e nós também a aprender e a fazer asneiras. Andamos todos a aprender.

Agora a nossa rotina será conciliar o acordar com umas massagens. A ideia é espevitá-la antes da mama e também atenuar as cólicas. Ainda não sei bem as melhores técnicas de massagem mas as enfermeiras vão-me ajudar com certeza.

Foi um dia complicado. É uma sensação terrível ouvir a nossa bebé a chorar e não saber o que fazer. Com o tempo vamos lá. Está a ser difícil mas ao mesmo tempo estamos a adorar a experiência. É engraçado que eu e a Clau temos métodos diferentes. Eu sou mais científico e sigo as direcções todas à risca. Mas esta noite, estava a nossa filhota com soluços, vai a mãe pega nela, já uns miminhos e a bebé fica a dormir socegada. Não falta à Clau aquele instinto maternal.