Depois de em Abril me ter aventurado no meu primeiro triatlo olímpico, não imaginava que me fosse aventurar mais tarde naquela que foi a minha primeira maratona. Decidi fazer a maratona depois do Trail Monte da Lua. Isto foi em meados de Julho. Tirei 2 semans para descansar completamente e em Agosto comecei a treinar para a maratona. Foram somente dois meses e o objectivo era somente conseguir terminar. Para isso, passei a fazer 3 treinos de corrida por semana.
Desde Agosto que fiz:
- 300 kms de corrida
- 550 kms de bicicleta (marioritariamente regeneração)
Foi alguma preparação, mas sem dúvida curta, para o monstro que a maratona é. Fiz vários treinos longos, o último dos quais foram 32 kms, que até fiz muito bem. A um ritmo lento de 6m/km cheguei ao final com vontade de continuar. Passei a última semana a pensar se iria à maratona a um ritmo de 6m/km para fazer 4h15, ou se arriscava a fazer 5m40s/km para fazer menos de 4h. Também tive uma constipação de relevo, que me fez apontar para ir nas calmas.
As 2 semanas anteriores foram de chuva e de frio. Contudo no dia da maratona estava um calor maroto. A maratona começou às 10h5m e já estava quente. A partir daí foi a temperatura sempre a subir. Comecei muito nas calmas e dei por mim a ir descontraído num ritmo de 5m40/km. Apesar de ter decidido ir mais lento, decidi mudar a táctica e tentar ir mais rápido. Fui sempre bebendo água e comendo qualquer coisa. Mas o calor começou a fazer das suas e comecei a ressentir-me da rapidez a que ia. Quando ia no km 20 já estava a ver que as coisas não iam correr muito bem. Ao km 28 estoirei. Já me senti completamente sem energias, e perguntava-me que tinha eu feito de tão diferente do treino dos 32 kms.
A partir daqui fui sempre tentado fazer 1km a correr e 1km a andar. Por vezes tinha algumas ameaças de caimbras e começava a andar. Os últimos kms foram muito agrestes. Via-se imensa gente a andar, tal como imensa gente a ser assistida pelos paramédicos. Aqui tive de pôr à prova a minha capacidade de sofrimento e concentrar-me em terminar este desafio.
Quando cheguei ao km 40, apesar de já estar KO, ainda tinha algumas forças. Decidi fazer este km a andar, para depois acabar a prova a correr. A parte final foi muito gira. Aquela avenida central cheia de gente a apoiar ajudou a motivar. Quando virei para a expo já sentia que tinha terminado. Confesso que quando cortei a meta, com 4h46m, me emocionei um pouco. Vi uma rapariga com uns 3 anos a segurar uma placa a dizer “Força Pai!”. Se fosse a Madalena acho que tinha chorado baba e ranho.
Quando acabei, e enquando comia o gelado, liguei à Clau a dar as novidades. Ainda me faltava a viagem de volta de comboio até casa. Confesso que não me sentia nada bem. Sentia-me fraco, mas sem vontade de comer. As pernas estava super rijas e doridas. Mas acabei.
Quando cheguei a casa, fiz o relatório dos estragos:
- Super bolha de água no dedão. Foram só duas, nem foi muito mau
- Assadura nas verilhas
- Mamilos em sangue
- Outras queimaduras por fricção em algumas parte do corpo
- Pernas boas para estar deitado
Hoje, no dia seguinte, continuo bem dorido, embora as mazelas já estejam curadas. A ver se ainda hoje dou um passeio para ajudar a aliviar as dores.
Os estragos não foram tão maus quanto esperava, mas sem dúvida que a maratona é uma senhora de respeito, que não podemos levar de ânimo leve. Tal como a primeira vez que fiz 10km e uma meia, também na maratona tive de andar. Algo a ser corrigido da próxima vez. Mas agora… vai descansar e recuperar…