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Modelo de Segurança Social

24 Jan 2011

Num almoço de familia ouvi falar de um país[1] onde há um tecto máximo na reforma de 1700€. Ninguém recebe mais que aquele valor. Num casal, seria no máximo 3400€.  A ideia é que na reforma as pessoas já não têm casa para pagar, nem filhos para educar, e aquele valor é mais que suficiente para as suas necessidades. Neste caso é possível libertar os mais novos, que estão a começar a vida e que precisam mais de dinheiro.

Mas há que ser justos. Uma pessoa quer recebeu de ordenado 5000€ a vida toda, não faz sentido receber o mesmo de reforma que quem ganhou menos. Isto é conseguido porque o mais rico também tem um limite de descontos, e só precisa de descontar o suficiente para lhe garantir o tecto máximo da reforma de 1700€. Tudo o resto, que ele devia descontar, pode colocar em aplicações próprias privadas que mais tarde têm a responsabilidade de lhe pagar a restante reforma.

Este modelo parece-me que além de alivar as responsabilidades do estado, ainda consegue ser agradável para quem preferia deixar de pagar segurança social e fazer a sua própria gestão.

[1] Esta história que ouvi era a falar da Suiça. E se formos a pensar que 1700€ até é uma reforma muito boa, temos de ter em conta que o custo de vida lá não é o mesmo de cá. Basta dizer que lá um salário mínimo ronda os 1600€.

 
 

Comentários

  • Diogo Neves
    Sim, o alivio do estado parece-me ser 1 boa vantagem. Eu tambem costumava comparar as medidas Portuguesas 'as de outros paises, principalmente quando me mudei para a Inglaterra. A verdade e' que cada pais e' diferente, a cultura e mentalidade tem um impacto gigante na aplicabilidade das medidas politicas de um pais. Agora sou da opiniao que o problema ate e' esse mesmo, tentar adaptar-se medidas de outros paises sem primeiro se perceber porque funcionam ou vao funcionar. Se Portugal adopta-se essa medida, com certeza o valor nao iria ser muito alto inicialmente (para estar a par com o ordenado minimo). Isto podia criar revolta por parte de quem tem de trabalhar 1 vida inteira para conseguir esse valor insignificante quando os ricos ou classe media podiam quase imediatamente deixa de pagar ao estado. Para dizer a verdade, nao percebo muito desta parte, a unica vez que tive de pensar em 'reformas' ja estava no UK e aqui funciona um pouco diferente (acho). Com isto dito, eu acho uma boa ideia como referencia :) Bom post ;)
  • Arzebiuzado
    Sim, implementar uma coisa destas em Portugal iria ser muito complicado. Porque haveria sempre alguém prejudicado, a menos que eles dissessem que este tipo de regras só se ia começar a aplicar a partir de agora a quem entrasse no mercado de trabalho. A questão é que são os descontos dos novos que pagam as reformas dos velhos, portanto... iria ser deveras problemático.
  • Diogo Neves
    Sim... Mais estrangeiros legais tambem ajuda :) independentemente de soar bem ou nao, a verdade e' que muitos deles nao vao ficar em Portugal depois de reformados, ou seja, vao pagar a seguranca social durante a vida profissional e nao usufruir do resultado. Mais dinheiro para o estado :) (Nao e' injusto para ninguem, sao opcoes pessoais de cada um)
  • Diogo Neves
    E por amor a Deus (ou a outra entidade Divina) nao me falem dos beneficios fiscais dos Chineses como forma de disprovar isto! As empresas chinesas, ao que sei, tem isencao nos primeiros 5 anos MAS ISSO E' A EMPRESA! Os trabalhadores continuam a ter de descontar, (agora corrijam-me se estiver enganado)
  • Diogo Neves
    P.s. e nao se esquecam que eles sao dos mais empreendedores ;) isso e' preciso. Portugal quer uma economia matura e desenvolvida como certos e determinados paises que as pessoas usam sempre como exemplo mas depois nao se quer aceitar as consequencias e 'necessidades' disso mesmo... ou seja, o que muitos Portugueses querem e' uma vaquinha que de um dia para o outro torna o estado rico, empregos para todos e trabalho para ninguem! :) Ja estou a ficar rabugento lol vou-me calar hehe
  • Arzebiuzado
    Mas tens toda a razão, muita gente tem como objectivo o tacho/vaquinha do estado.
  • Micael Sousa
    Está-se a esquecer aqui um pormenor importante. Receber uma reforma não é o mesmo que receber o fruto de uma aplicação financeira. Receber uma reforma é receber um montante para que se possa viver quando já não há condições para trabalhar. Contribuir para o sistema nacional de segurança social é um acto de colaborar através de regras bem definidas solidariamente para com quem não tem outros meios de subsistência, uma certa dose de filantropia colaborativa e não um investimento financeiro. Não se trata de ver quem dá ou recebe mais, trata-se de todos contribuírem para um projecto de promoção de equidade social na velhice. Será que estamos a perder toda a solidariedade e empatia social. Mas afirmo que sou a favor de tectos máximos de valores pagos em reformas, mas esse valor que cada reformado recebe serve para viver com qualidade de vida e não com luxos.
  • JC
    eu já fui à Suíça, e realmente as coisas são mais caras mas não são o dobro do preço que se pratica em PT. (porém o ordenado mínimo é mais de 3x superior) acho que esse modelo realmente poderia trazer mais valias para todos.. mas aqui em PT liga-se demasiado a futebol.. (e depois na política é só clubismos! :) )